Prefácio da esposa de Vilhjalmur Stefansson

Prefácio do livro ‘Eat Fat and Grow Slim’ pela esposa de Stefansson:

Certa manhã, no café da manhã, no outono de 1955, meu marido explorador e antropólogo, Vilhjalmur Stefansson, me perguntou se ele deveria voltar à dieta, só de carne, esquimó da Idade da Pedra com a qual ele obteve sucesso durante a parte mais ativa de seu trabalho no ártico. Dois anos antes ele sofreu uma leve trombose cerebral, da qual ele havia praticamente se recuperado. Mas ele ainda não havia tido sucesso em se livrar dos 4,5 Kg que seu médico queria que ele perdesse. Por força de vontade e quase inanição, ele vez e outra perdia alguns, mas os quilos sempre voltam quando sua força de vontade acabava. Sem dúvida, em parte por causa destes fracassos, Stef se tornou um pouco infeliz, por vezes mal-humorado.

Minha primeira reação à sua proposta da dieta da Idade da Pedra foi desânimo. Eu tenho três empregos. Eu dou aula, dentro e fora da cidade, e desfruto das inúmeras atividades extracurriculares da nossa cidade universitária de Hanover, New Hampshire, na Nova Inglaterra. De manhã eu escrevo livros sobre o ártico, “para adolescentes e adultos desinformados”, para poder me dar o luxo de ser bibliotecária à tarde da enorme biblioteca polar que meu marido e eu adquirimos quando fomos escritores autônomos e prestadores de serviço para o governo, a biblioteca agora pertence à Faculdade Dartmouth. Eu faço parte do curso denominado Seminários Árticos e no inverno passado fui diretora. Eu canto em um grupo madrigal e atuo em peças teatrais experimentais. Somente com um gerenciamento de tempo apertado é que eu consigo isto. “Além de tudo”, pensei comigo mesma, “agora eu tenho que preparar duas refeições diferentes!”.

Mas em voz alta eu disse: “Claro, querido.”. E nós começamos a planejar.

Para o meu surpreso prazer, contrário a todo meu pensamento anterior, a dieta da Idade da Pedra não somente se provou efetiva em se livrar do sobrepeso de Stef, como ainda era mais barata, mais simples e mais fácil de preparar do que a nossa dieta mista normal. Longe de necessitar de mais tempo, levava menos. Ao invés de aumentar o peso das tarefas domésticas, ela aliviou. Quase sem notar, a dieta de Stef se tornou minha. Economizou-se tempo em não comprar, preparar, cozinhar nem lavar pratos desnecessários, dentre eles, vegetais, saladas e sobremesas.

Alguns de nossos amigos dizem: “Nós também faríamos uma dieta só de carne, mas nós não conseguiríamos bancar uma”. Isto me levou a investigar o custo real da dieta. Diferente de saladas e sobremesas, que frequentemente não duram, carne continua boa tanto vários dias depois quanto no dia em que foi cozida. Não há desperdício. Eu descobri que nossa despesa com comida era menor do que antes. Mas eu atribuo isto à nossa preferência por ovelha. Felizmente para nós, é uma carne fora de moda, o que quer dizer que ela é barata. Ambos gostamos e, graças ao nosso grande freezer, nós compramos ovelhas velhas e gordas por algo em volta de vinte e dois a trinta e três centavos por libra e depois aproveitamos a fartura. Nós também compramos boi, normalmente tutano de boi. Os cozinheiros europeus apreciam o tutano, mas a maioria das pessoas em nosso país nunca o provaram, uma pena.

Quando você come como um esquimó primitivo, você vive de carnes magras e gordas. Um típico jantar Stefansson é um bife de contra-filé médio ou mal passado e café. O café é recém moído. Se houver gordura suficiente no bife, nós tomamos o café puro, se não, adicionamos creme. De vez em quando tomamos uma garrafa de vinho. Nós não comemos pão, vegetais ricos em amido nem sobremesas. Com certa frequência comemos meia toranja. Nós comemos ovos de café da manhã, dois para o Stef, um para mim, com muita manteiga.

Melhorias de saúde impressionantes aconteceram com Stef após várias semana na nova dieta. Ele começou a perder seu sobrepeso quase que imediatamente, de maneira estável, comento tanto quanto ele desejasse e se sentindo satisfeito. Ele perdeu 7,7 Kg e então seu peso permaneceu estacionado, mesmo que a quantidade que ele comesse fosse a mesma. De levemente irritável e deprimido, ele se voltou a ser o seu eu entusiasta e otimista. Comendo carneiro, ele se tornou um cordeiro.

Uma mudança notável e que não se esperava foi o desaparecimento da artrite dele, que o incomodou por anos e que ele pensava ser um resultado natural da idade. Um de seus joelhos estava tão rígido que ele subia e descia escadas um passo por vez e ele sempre sentava no corredor do cinema para poder esticar confortavelmente sua perna rígida.

Diversas vezes na noite ele acordava de dor nos quadris e nos ombros se ele ficasse deitado muito tempo de um só lado, então ele tinha que se virar e deitar do outro lado. Sem notar a mudança à princípio, Stef se surpreendeu um dia ao se encontrar subindo e descendo as escadas usando ambas as pernas igualmente. Ele parou no meio das escadas, desceu de novo, subiu de novo. Ele não conseguia se lembrar qual era o joelho rígido!

Conclusão:
A dieta, só de carne, da Idade da Pedra é completa. É uma dieta redutora na qual você pode comer tanto quanto quiser e que te permite esquecer que é uma dieta – não há sensação de fome para te lembrar. Economiza tempo e dinheiro. O melhor de tudo, melhora o temperamento. De alguma maneira faz a pessoa se sentir otimista, levemente eufórica.

Epílogo:
Stef costumava adorar o seu papel de ser um espinho na pele dos nutricionistas. Mas em 1957 apareceu um artigo na edição de agosto do jornal da Associação Médica Americana confirmando o que Stef sabia há anos pela sua antropologia e de sua própria experiência. O autor deste livro também popularizou a dieta de Stef na Inglaterra, com a bênção dos respeitáveis médicos britânicos.
Foi com um leve traço de desapontamento em sua voz que Stef se virou para mim, após uma extenuante discussão sobre nutrição e disse: “Eu sempre estive certo. Mas agora estou virando ortodoxo! Vou ter que encontrar uma nova heresia para mim”.

Evelyn Stefansson
22 de abril de 1959.

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