Ver Sumário do Livro Nutrição e Degeneração Física.
1. (Cleveland, Ohio) 2. Reservas Indígenas dos Seis Nações, Ontário 3. Reservas Indígenas dos Tuscarora, Nova York 4. Reserva Indígena North Vancouver, Colúmbia Britânica 5. Reserva Indígena Craigflower, Victoria, Colúmbia Britânica 6. Rio Skeena, Colúmbia Britânica 7. Ketchikan, Alasca 8. Wrangell, Alasca 9. Juneau, Alasca 10. Sitka, Alasca 11. Cordova, Alasca 12. Valdez, Alasca 13. Seward, Alasca 14. Anchorage, Alasca 15. Rio Stoney, Alasca 16. Sleet Mute, Alasca 17. Crooked Creek, Alasca 18. Napaimute, Alasca 19. Bethel, Alasca |
20. Kokamute, Alasca 21. Ilha Bethel, Alasca 22. Holy Cross, Alasca 23. McGrath, Alasca 24. Eklutna, Alasca 25. Telegraph Creek, Colúmbia Britânica 26. Reserva Indígena Dease Lake, Colúmbia Britânica 27. McDames, Colúmbia Britânica 28. Liard, Colúmbia Britânica, Fronteira do Yukon 29. Edmonton, Alberta 30. Winnipeg, Manitoba 31. Reserva Indígena Broken Head, Manitoba 32. Posto Sioux, norte de Ontário 33. Ombabika, norte de Ontário 34. Toronto, Ontário 35. Reserva Loretteville, Quebec 36. Reserva Caughnawaga, Quebec 37. Vergennes, Vermont 38. Sanatório de Tuberculose Saranac, Nova York 39. Reserva Mohawk, Ontário |
Capítulo 5
Esquimós Isolados e Modernizados
Durante a ascensão e queda de culturas históricas e pré-históricas que frequentemente deixam seus monumentos e artes seguindo-se uma a outra em sucessão no mesmo local; uma cultura, os esquimós, que vivem até hoje, nos dão um forte exemplo das pessoas da idade da pedra. A raça maya se foi, mas deixou seus monumentos. A raça índia está rapidamente mudando ou desaparecendo da América do Norte. A raça esquimó se manteve verdadeira ao tipo ancestral nos dando uma demonstração viva do que a natureza pode fazer ao criar uma raça apta a suportar por milhares de anos os rigores de um clima ártico. Como a raça índia, a esquimó prosperou enquanto não fosse atingida pelo contato com a civilização moderna; mas com ele, como com todos os primitivos, ela definha e morre.
Em seu estado primitivo, ela nos forneceu um exemplo de excelência física e perfeição dentária que raramente foram excedidas por qualquer raça no passado ou presente. Nós estamos preocupados em saber o segredo deste grande feito já que sua vida restrita limita enormemente os fatores que podem entrar como mecanismo controlador em moldar sua excelência. Embora estejamos primeiramente interessados neste estudo com as características da dentição e formato do rosto dos esquimós e o efeito nestes do seu contato com a civilização moderna, nós também estamos profundamente interessados em saber o estilo de sua alimentação de modo que nós possamos aprender seus segredos que irão ajudar não somente o moderno desafortunado ou as assim chamadas raças civilizadas, mas também, se possível, fornecer meios de auxiliar na sua preservação.
É um triste comentário de que com a vinda do homem branco, os esquimós e índios estão rapidamente reduzidos em números e em excelência física pelas doenças do homem branco. Nós temos poucos problemas mais urgentes ou mais desafiadores do que os meios que devem ser encontrados para prevenir o extermínio dos americanos primitivos.
Muitos relatórios foram feitos a respeito da condição dos dentes dos esquimós. Sem dúvida, todos foram relativamente verdadeiros para os grupos estudados, os quais estavam principalmente ao longo das rotas de comércio. Claramente essas pessoas não representariam os grupos mais primitivos, que só poderiam ser localizados além do contato com a civilização moderna. Os problemas envolvidos sugeriam fortemente a necessidade de localizar e estudar esquimós em distritos isolados. Embora grupos de cachorros pudessem fornecer meios de chegar no período de inverno, eles não seriam eficazes para viagem no verão.
Pela bondade do Dr. Alexis Hrdlička, que fez estudos antropológicos dos esquimós em muitos distritos do Alasca, eu aprendi que os grupos mais primitivos estavam localizados ao sul do Yukon na região entre ele e a Baía Bristol incluindo o delta e foz do Rio Kuskokwim. Uma estação do governo foi estabelecida no Rio Kuskokwim pelo qual um barco do governo entra pela foz do Kuskokwim para entregar suprimentos. Ele carrega oficiais, mas não passageiros. Este contato com a civilização tornou disponível alimentos modernos para um distrito limitado, principalmente no ponto no qual o barco aporta, chamado Bethel. Uma parte desses suprimentos é transportada por um barco de roda propulsora a popa até assentamentos mais afastados rio acima. Entretanto, um grande número de esquimós vive entre a foz do Kuskokwim e a foz do Rio Yukon, no continente e ilhas, a uma distância de várias centenas de milhas, e tem pouco ou nenhum contato com este alimento.
Consequentemente, nosso roteiro para fazer esses estudos de campo entre os esquimós em 1933 requeria transporte por longas distâncias e por distritos onde os meios de viagem eram praticamente não existentes por outro meio além do moderno avião. Sra. Price me acompanhou e auxiliou em meus registros. Nosso itinerário incluiu navio a vapor até Seward no oeste do Alasca e estrada de ferro até Anchorage, onde um avião foi fretado e nos levou a vários distritos no oeste e centro do Alasca. Este avião carregou nosso equipamento de campo e viajou aos pontos selecionados. A grande cadeia de montanhas do Alasca, culminando no magnífico Monte McKinley, se estende pelo Alasca da Península Aleutian ao sudoeste até o coração de seu vasto território. A montanha mais alta no território dos Estados Unidos é o Monte Whitney com 14.502 pés (4.402 m). A montanha mais alta no Canadá é o Monte Logan com 19.539 pés (5.955 m). O Alasca entretanto ostenta muitas montanhas que são maiores que qualquer uma dessas, muitas das quais nesta cadeia. O Monte McKinley tem 20.300 pés (6.187 m). Nos foi necessário vencer esta magnífica cadeia para alcançar o território no qual nossas investigações seriam feitas. O avião especial escolhido foi equipado com rádio para emitir e receber e estava em contato, ou poderia estar em contato a qualquer hora, com o Signal Service Corps (Corpo de Serviço de Comunicações), bem como com o quartel-general e braços da Companhia. Devido às nuvens no caminho escolhido, o piloto achou necessário sair cento e cinquenta milhas (241 km) do curso para encontrar um que fosse claro o suficiente para atravessar. Além destas montanhas havia vastas áreas de território selvagem sem sinal de vida humana. Alces eram vistos frequentemente.
Nosso primeiro objetivo era encontrar, se possível, um grupo de índios dito viver no Rio Stony. Eles foram descritos como sendo muito primitivos. Nosso piloto, que era bem informado sobre esta região, disse que esta era a primeira vez que ele pousava neste distrito. Todas as pessoas estavam ocupadas pegando e armazenando o salmão de correnteza. Após secar o peixe, eles são defumados por algumas horas e então armazenados para uso no inverno. Estas prósperas pessoas têm características físicas bem distintas dos índios do centro, sul e leste do Alasca. Dos doze indivíduos estudados aqui, dez viveram totalmente de alimentos nativos ou praticamente assim. Em seus 288 dentes, somente um dente foi encontrado que já havia sido atacado por cárie, ou 0,3 %. Dois haviam vindo do Rio Kuskokwim, do qual o Rio Stony é uma ramificação. Lá, eles receberam uma quantidade considerável da “comida de armazém” que havia sido embarcado até o Kuskokwim vindo de Bethel. 27 % dos dentes destes dois haviam sido atacados por cáries.
Nós então seguimos para Sleet Mute, no Rio Kuskokwim, onde foram encontrados três indivíduos que viveram totalmente de alimentos nativos. Nenhum deles nunca teve um dente atacado por cárie. Sete outros viveram parcialmente de alimentos nativos e parcialmente da “comida de armazém”, eles tinham cáries em 12,2 % de seus dentes.
Em Crooked Creek, o próximo assentamento, oito indivíduos foram examinados e 41 de seus 216 dentes, ou 18,9 %, tinham cáries. Todos exceto um deles viviam em grande parte de “comida de armazém” e este indivíduo não tinha cáries.
Em Napimute, 16% dos dentes haviam sido atacados por cáries, mas nenhum indivíduo aqui estava vivendo totalmente de alimentos nativos.
Bethel é o maior assentamento no Kuskokwim e contém, além dos moradores brancos, muitos visitantes esquimós da região de Tundra próxima que a cerca. 88 indivíduos estudados aqui eram em sua maioria esquimós e miscigenados. De seus 2.490 dentes, 11,6%, ou 281 dentes, haviam sido atacados por cáries. Desses 88 indivíduos, 27 com 796 dentes viviam quase que exclusivamente de alimentos naturais e neste grupo somente foi encontrado um dente com cárie, ou 0,1%. 40 indivíduos viviam quase que exclusivamente de alimentos modernos transportados pelo barco de abastecimento do governo. De seus 1.094 dentes, 252, ou 21,1%, tinham sido atacados por cáries. 21 indivíduos viviam parcialmente de alimentos nativos e parcialmente de “comida de armazém” e de seus 600 dentes, 38, ou 6,3% tinham sido atacados por cáries.
Em Kokamute, no Mar de Bering na foz do Rio Koskokwim, um grande grupo de esquimós muito primitivos foi estudado. Eles vieram dos arredores da Ilha Nelson, um distrito que teve extremamente pouco contato com a civilização moderna. Neste grupo, 28 indivíduos com 820 dentes apresentaram somente 1 dente, ou 0,1%, que já havia sido atacado por cárie.
A Ilha Bethel está situada no Rio Kuskokwim. Ela é visitada no verão pelos esquimós da região de Tundra para repor seu estoque de peixe para o inverno. De 15 indivíduos aqui, 13, com 410 dentes, viveram exclusivamente de alimentos nativos e nem um único dente tinha sido atacado por cárie. Dois haviam vindo de Bethel e de seus 60 dentes, 21, ou 35% tinham sido atacados por cáries.
Nos vários grupos no baixo Kuskokwim, 72 indivíduos que viviam exclusivamente de alimentos nativos tinham, em seus 2.138 dentes, somente dois dentes, ou 0,09%, já haviam sido atacados por cárie. Neste distrito, 81 indivíduos foram estudados que viviam em parte ou em grande parte de alimentos modernos e de seus 2.254 dentes, 394 ou 13% haviam sido atacados por cáries. Isso representa um aumento das cáries de 144 vezes.
A seguir se tornou desejável estudar um distrito que estivesse em contato com os alimentos do comércio moderno por muitos anos e, para isto, Holy Cross foi escolhido. Esta comunidade está localizada no Rio Yukon, acima do Círculo Ártico. Ele esteve em contato com o comércio de verão do Yukon por muitas décadas. Ele tem uma das mais antigas e bem organizadas missões católicas do Alasca. Os indivíduos estudados eram todos da escola ligada à missão. Os estudantes vieram tão do norte quanto de Point Barrow no Oceano Ártico e do oeste até o Estreito de Bering. Todos exceto um estavam em contato com e usavam alimentos modernos antes de virem para a missão e usavam deles aqui. Este único indivíduo viveu exclusivamente de alimentos nativos antes de vir para a missão e não tinha dentes cariados. Em 8 indivíduos com 224 dentes, que viveram amplamente de alimentos modernos, 42 dentes, ou seja, 18,7 % haviam sido atacados por cáries. 4 indivíduos viveram parcialmente de alimentos nativos e parcialmente de alimentos modernos e de seus 112 dentes, 4, ou seja, 3,5 % haviam sido atacados por cáries.
É de interesse que enquanto os esquimós e índios viviam em acordo, eles não casavam entre si. Os esquimós ocupavam a seção inferior dos rios Yukon e Kuskokwim e a fronteira do Mar de Bering. Os índios ocupavam os canais superiores de ambos os rios. O próximo local selecionado para estudo foi McGrath, que fica no alto Kuskokwim não muito distante da cadeia de montanhas McKinley. É o terminal final de navegação na parte superior do Rio Kuskokwim para os barcos de roda propulsora a popa. Sua principal importância reside no fato de ser o ponto de divisão nas rotas de aviação que cruzam o Alasca de Anchorage ou Fairbanks para Nome e outros pontos para oeste. Sua população é composta de vários prospectores e mineradores brancos que permaneceram no país seguindo a corrida do ouro. Alguns deles se casaram com mulheres índias ou esquimós. De 21 indivíduos somente 1 viveu quase exclusivamente de alimentos nativos e ela não tinha cáries. 20 viveram principalmente de alimentos importados e de seus 527 dentes, 175, ou seja, 33,2 % haviam sido atacados por cáries.
Dentre os residentes de McGrath há uma família notável. O pai é um engenheiro de minas americano que passou muita de sua vida naquele país. Sua esposa é uma esquimó encantadora de esplêndida inteligência e bela personalidade. Ela veio originalmente do baixo Kuskokwim e era de um dos grupos esquimós primitivos. Apesar dos lucros das minas fornecerem suprimentos de comida para a família, embarcados dos Estados Unidos, ela seguiu seu antigo treinamento e insistiu em pescar e estocar salmão na temporada como uma importante parte de sua própria dieta. Os salmões eram secos e defumados como era costume de sua gente. Ela é mãe de pelo menos 20 crianças, dos quais ela podia lembrar os nomes. Somente 11 viviam, pois muitos haviam morrido de tuberculose. Apesar destas muitas sobrecargas sobre ela, nem um único dente havia sido atacado por cárie. Um dente inferior anterior havia sido quebrado. Uma imagem desta mulher é mostrada na Fig. 9 (em cima, à esquerda). Havia um excessivo desgaste dos dentes, como é característico dos dentes de muitos dos esquimós, um assunto que iremos discutir aqui. É de interesse notar a esplêndida simetria de suas arcadas dentárias. Seus filhos, marido e genro viviam amplamente de alimentos modernos e nestes 8 indivíduos com 212 dentes, 87, ou seja, 41 % haviam sido atacados por cáries. Sua filha mais velha viva tem 22 anos. Ela tem um estreitamento da arcada superior e cáries disseminadas. Outra filha, de 16, é uma bela garota exceto por suas arcadas dentárias estreitas. Nosso piloto relatou que ela ficou tão profundamente interessada nos motores dos aviões quando eles paravam neste ponto para assistência e combustível que ela se tornou especialista em regular e condicionar motores de avião. Ela, sem dúvida, herdou um pouco do gênio de seu pai, que é um engenheiro de minas. 20 de seus dentes haviam sido atacados por cáries.
Não se pode entender o conceito do magnífico desenvolvimento dentário dos mais primitivos esquimós simplesmente ao saber que eles são livres de cáries. O tamanho e força da mandíbula, a amplitude do rosto e a força dos músculos da mastigação, todos alcançam um grau de excelência que é raramente visto em outras raças. Isto está tipicamente ilustrado na Fig. 9. Me foi dito que um homem esquimó adulto médio pode carregar 100 pounds (45 kg) em cada mão e 100 pounds (45 kg) nos seus dentes com facilidade por uma distância considerável. Isto ilustra o desenvolvimento físico de outras partes do corpo assim como dos maxilares e sugere que o exercício dos maxilares não é a única razão para seus ótimos dentes já que o excelente desenvolvimento da musculatura inclui todas as partes do corpo. Também é sugerido que a mastigação de alimentos duros, ao construir dentes de uma qualidade excepcionalmente boa, é um fator importante em estabelecer imunidade a cáries. Como será mostrado aqui, os dentes destes indivíduos com seu excelente desenvolvimento físico e bela estrutura dentária desenvolvem cáries quando eles se afastam de seus alimentos nativos e adotam nossos alimentos modernos.
Muito é relatado na literatura sobre o desgaste excessivo dos dentes dos esquimós, que no caso das mulheres é relacionado à mastigação do couro no processo de curtição. É de interesse que embora muitos dos dentes estudados dêem evidência de desgaste excessivo envolvendo as coroas até uma profundidade que em muitos indivíduos teria exposto a polpa, não houve nenhum caso de cavidade pulpar exposta. Elas estavam sempre preenchidas com dentina secundária. Isto é importante já que nosso novo conhecimento indica que com as características químicas de seu alimento, nós podemos esperar que a dentina secundária seja prontamente formada dentro das cavidades pulpares por um processo similar àquele que ocorre em muitos indivíduos sujeitos a uma dieta reforçada com alimentos fornecedores de ativadores e minerais. Um velho esquimó tinha uma cicatriz em seu lábio inferior, resultado de uma perfuração para ostentar enfeites, praticada por esta tribo. Eu encontrei tribos primitivas em várias partes do mundo com esta marca.
A principal peça externa vestida pelos esquimós nos grupos mais primitivos consiste de uma parca com um capuz que cobre a cabeça e fecha ao redor do pescoço com um cordão enquanto outro cordão controla o tamanho da abertura do rosto no capuz quando em uso. No verão isto é feito de tecido ou de pele sem pêlo. Um caso típico aparece na Fig. 9. Novamente se nota que os dentes estão excessivamente gastos.
Devido aos frio dos ventos do Mar de Bering, mesmo no verão muitas das mulheres vestem peles. Uma mãe e filho típicos vestidos em suas roupas quentes aparecem na Fig. 10. As mulheres esquimós são artísticas e talentosas na costura. Elas usam peles de cores diferentes para decorar suas vestimentas. Essas mulheres fazem decorações artísticas ao entalhar o marfim dos dentes de morsas e das presas sepultadas dos peludos mamutes que vagaram pela Tundra dezenas de milhares de anos atrás. O brinco desta esquimó é um padrão típico. Os dentes desta mãe são literalmente “duas fileiras de pérolas”. É importante notar a largura das arcadas. Fica-se constantemente impressionado com a saúde magnífica da vida infantil, que é ilustrada na Fig. 10. Em nossos vários contatos com eles, nós nunca ouvimos uma criança esquimó chorar exceto quando com fome ou assustada pela presença de estranhos. As mulheres têm como característica uma abundância de leite de peito, que quase sempre se desenvolve normalmente e se mantém sem dificuldade por um ano. As mães estavam completamente livres de cáries e me foi dito que os filhos dos esquimós não sofrem dificuldades com o surgimento de seus dentes.
A excelência da dentição entre os esquimós é uma característica também dos crânios escavados em várias partes do Alasca.
Deve ser esperado que tais dentes admiravelmente bem formados mantivessem uma imunidade tão alta à cáries que seus orgulhosos proprietários nunca fossem incomodados com cáries. Este, infelizmente, não é o caso; um fato de grande significância ao avaliar nossas teorias modernas das causas das cáries. Quando esses esquimós adultos trocam seus alimentos pelos nossos alimentos modernos, fato que será discutido no capítulo 15, eles frequentemente tem cáries muito disseminadas e sofrem severamente. Isto é claramente ilustrado na Fig. 11, pois os dentes desses esquimós foram seriamente arruinados por cáries. Eles viviam de alimentos modernos e eram típicos de um grande grupo que está em contato com os portos do Mar de Bering. O problema deles frequentemente se torna trágico pois não há dentistas nesses distritos.
Um efeito típico da modernização em uma garota em crescimento foi visto em um caso no qual os incisivos centrais e outros 16 dentes foram atacados por cáries. 64 % dos dentes dela tinham cáries.
Não há dentistas no oeste do Alasca, norte ou oeste de Anchorage, que é próximo da costa sul, exceto em Fairbanks, que, como Anchorage, está a muitas centenas de milhas desses esquimós. Levaria meses para eles fazerem a jornada no inverno com um grupo de cães e seria praticamente impossível fazê-la no verão por qualquer meio que não por avião, que evidentemente estas pessoas não podem bancar. Seu dilema é, consequentemente, mais trágico quando eles repentinamente são vítimas de doenças que requerem hospitalização, especialistas médicos ou serviço dentário. Um engenheiro de minas no interior me disse que ele gastou dois mil dólares para que um dentista viesse por avião para prestar serviço dentário. Ao examinar sua boca, eu descobri que 29 de seus 32 dentes haviam sido atacados por cáries.
Uma importante fase da degeneração moderna, notadamente, a mudança no formato do rosto e arcadas dentárias e outras manifestações físicas, é de grande interesse. É um fato de grande significância que os esquimós que vivem em distritos isolados e de alimentos nativos produzem arcadas dentárias uniformemente amplas e padrões faciais típicos de esquimós. Mesmo a primeira geração a abandonar essa dieta e usar a dieta moderna, apresenta grande número de indivíduos com mudanças notadas no formato do rosto e arcada dentária. Na Fig. 12, são vistas 4 garotas esquimós que são da primeira geração seguinte à adoção dos alimentos modernizados por seus pais. Todas têm arcadas dentárias deformadas. É importante notar o padrão da fixação para dentro dos incisivos laterais e amontoamento para fora das cúspides. Este formato facial é, atualmente, ligado à mistura de raças. Essas garotas são esquimós de puro sangue cujos pais tem arcadas dentárias formadas normalmente.
Nós estamos interessados particularmente com os alimentos usados por esses esquimós primitivos. Eles quase sempre tem suas casa em ou próximo de água profunda. Seu talento em manejar seus caiaques é notável. Durante a temporada do salmão de correnteza, eles estocam grandes quantidades de salmão seco. Eles pegam com lança muitos destes peixes a partir de seus caiaques, mesmo garotos jovens são muito habilidosos. Eles desembarcam salmões tão grandes que eles mal conseguem levantar. Eles são especialistas em lancear focas a partir destas embarcações leves. Óleo de foca fornece uma parte muito importante da nutrição deles. A medida que cada pedaço de peixe é partido, ele é imerso em óleo de foca. Eu obtive um pouco de óleo de foca deles e trouxe ao meu laboratório para analisar seu conteúdo de vitaminas. Ele provou ser um dos alimentos mais ricos em vitamina A que eu encontrei.
Os peixes são pendurados em armações ao vento para secar. Ovas de peixe também são estendidas para secar, como mostrado na Fig. 13. Esses alimentos constituem uma parte muito importante da nutrição das crianças pequenas após o desmame. Naturalmente, a areia levantada pelo gélido Bering Straits se deposita sobre e adere à superfície úmida dos peixes pendurados para secar. Esta constitui a principal causa do desgaste excessivo dos dentes dos esquimós em homens e mulheres.
Os alimentos desses esquimós em seu estado nativo incluem rena, sementes subterrâneas colhidas por ratos e estocadas em esconderijos, alga colhida na estação e estocada para uso no inverno, frutinhas incluindo amoras preservadas por congelamento, florescência de flores preservada em óleo de foca, a planta sorrel preservada em óleo de foca e grandes quantidades de peixe congelado. Outro importante fator alimentício consiste de órgãos de grandes animais marinhos, incluindo certas camadas da pele de uma das espécies de baleia, que foi descoberto ser muito alta em vitamina C.
Desde o contato com nossa civilização moderna, a população esquimó do Alasca está declinando rapidamente. Uma autoridade citou a redução de 50 % na população em 75 anos.
Uma observação importante foi feita relativo à rápida diminuição da vida média pelos Dr. V. E. Levine e Professor C. W. Bauer, da Universidade de Creighton, Nebraska, que relatou:
Cordova, Alasca, 26 de outubro de 1934 – Devido à susceptibilidade à tuberculose e outras doenças, a expectativa de vida média do esquimó do Alasca é de somente 20 anos e sua raça está fadada à extinção dentro de poucas gerações a menos que a ciência médica moderna venha a seu auxílio.
A menos que uma mudança muito radical seja feita na interferência do suprimento nativo de caça e frutos do mar, a população esquimó parece destinada a ter um rápido declínio e uma extinção prematura. Seus alimentos pesqueiros primitivos foram amplamente reduzidos pela invasão dos rios de salmões pelas modernas fábricas de enlatados.
É de interesse discutir em ligação com os esquimós do Alasca, os dois garotos brancos (um é mostrado na Fig. 14) filhos de um engenheiro de minas. Eles nasceram e cresceram em um campo de mineração no Alasca, onde seus alimentos eram quase totalmente importados. Eu viajei com a mãe destes dois garotos que estava trazendo eles aos Estados Unidos para operações em seus narizes devido a eles respirarem pela boca. É importante observar o notado subdesenvolvimento do terço central e terço inferior do rosto do garoto mostrado na Fig. 14. A nutrição da família durante o desenvolvimento e crescimento deles era amplamente fornecida em pacotes embarcados dos Estados Unidos. A desfiguração deles é típica daquelas inúmeras que se desenvolvem em nossas comunidades altamente modernizadas, e é similar, em geral, às deformidades que se desenvolvem nas raças primitivas após eles adotarem a alimentação modernizada.
Apesar da inóspita parte do mundo na qual eles residem, com nove ou dez meses de inverno e dois ou três de verão e apesar da ausência por longos períodos de plantas comestíveis, laticínios e ovos, os esquimós conseguiam fornecer a seus corpos todos os requisitos de minerais e vitaminas a partir de frutos do mar, verduras e frutinhas estocadas e plantas do mar.
“a expectativa de vida média do esquimó do Alasca é de somente 20 anos e sua raça está fadada à extinção dentro de poucas gerações a menos que a ciência médica moderna venha a seu auxílio.”
Leiam o artigo, está lá escrito.
QUAL A ESPECTIVA DE VIDA DOS ESQUIMÓS ?
Qual é a expectativa de vida dos esquimós?
Artigo muito interessante, que nos remete a uma reflexão sobre o estilo de vida no mundo moderno, em especial a revermos nossos hábitos nutricionais. Nota 10 ao autor!
Pingback: 503-O POVO ESQUIMÓ | Blog do Zé Clovis
Excelente artigo. Parabéns! Claro, bem escrito, bem organizado e fluido. Pena que artigos de tão boa qualidade sejam tão raros, e tão poucos possam conhecê-los. Muito obrigado pela oportunidade. Saudações.