De forma leve e bem humorada, como é do seu estilo, o Ziraldo escreveu, para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a cartilha denominada “O Olho do Consumidor”.
A cartilha explica, em 21 páginas, o que são produtos orgânicos, qual a importância do consumidor saber identificar um produto orgânico, mostra o selo SISORG – Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica, que passa a ser obrigatório a partir de 2010, e explica como devem se portar pequenos produtores e restaurantes. Enfim, sintetiza os pontos mais importantes da legislação brasileira sobre orgânicos.
Estamos divulgando a cartilha porque um produto produzido com os critérios estabelecidos para receber o selo de orgânico é menos agressivo ao organismo e ao meio ambiente do que um que não o seja.
E mais ainda, no caso dos vegetais orgânicos, um produto sem agrotóxicos (que a indústria química tenta chamar de defensivos agrícolas) exige que a planta use seus mecanismos naturais de defesa, aumentando a concentração de fitoquímicos nas plantas, tornando-as muito mais úteis ao nosso organismo quando as consumimos. Os fitoquímicos são potentes anticancerígenos e protetores de outras doenças.
Entretanto, o simples fato de um produto ser orgânico não o torna, necessariamente, recomendado pela dieta que defendemos.
Vamos citar dois exemplos de produtos não recomendados.
De olho na tendência de consumo de produtos orgânicos, os supermercados têm dedicado um espaço cada vez maior a este tipo de produto. A variedade também tem aumentado. Tente observar que, em alguns casos, os produtos orgânicos são menores do que seus congêneres não orgânicos. Um bom exemplo é o da cebola. O produto é colhido antes de alcançar a maturidade, visando evitar que seja atingido por alguma praga. Corre-se o risco de o produto não conter os fitoquímicos da planta adulta, resultado de sua luta natural contra as pragas. Ou seja, a cebola arrancada precocemente é um produto orgânico mas nutricionalmente fraco. Se o produtor deixa a cebola crescer, ela lutará contra as pragas. Lutas deixam marcas e nós gostamos de produtos bonitos, lisinhos, uniformes, muitas vezes incompatíveis com o padrão normal da natureza.
Um segundo exemplo é o da galinha orgânica, criada confinada e que só se alimentou de milho orgânico e de ração feita com produtos também orgânicos. Evite-a. Galinhas de verdade comem minhocas e outros bichinhos, gramas, folhas e eventualmente também sementes.
Feitas estas ressalvas, sejam bem vindos os orgânicos e seus conceitos correlatos: sem transgênicos, com proteção da erosão do solo, adubação natural e manutenção da diversidade.
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Paulo, faz uma falta danada você não estar no Facebook. Seus textos fazem o maior sucesso por lá, pois sempre compartilho-os com meus contatos. Aliás, você tem um monte de fãs por lá. Um abraço.