Livro: Em Defesa da Comida – Um Manifesto

Escrito em 2008, este excelente livro do Michael Pollan, editado pela Intrínseca (271 páginas) tem como tese básica “Coma comida. Não em excesso. Principalmente vegetais.” Que o autor repete constantemente ao longo do livro.

A contracapa do livro trás 12 itens que definem bem a concepção de alimentação do autor:

1. Não coma nada que sua avó não reconheceria como comida.

2. Evite comidas contendo ingredientes cujos nomes você não possa pronunciar.

3. Não coma nada que não possa um dia apodrecer.

4. Evite produtos alimentícios que aleguem vantagens para sua saúde.

5. Dispense os corredores centrais do supermercado e prefira comprar nas prateleiras periféricas.

6. Melhor ainda: compre comida em outros lugares, como feiras livres ou mercadinhos hortifrútis.

7. Pague mais, coma menos.

8. Coma uma variedade maior de alimentos.

9. Prefira produtos provenientes de animais que pastam.

10. Cozinhe, e se possível, plante alguns itens do seu cardápio.

11. Prepare suas refeições e coma apenas à mesa.

12. Coma com ponderação, acompanhado, quando possível, e sempre com prazer.

Muito embora o autor não seja muito ligado às carnes (já na primeira página ele registra que “… comer um pouco de carne não mata ninguém, embora talvez seja melhor encará-la como acompanhamento do que como prato principal.”) o que contrasta com o ponto de vista do nosso site, o livro é muito bem fundamentado e bem escrito, trazendo muitas informações com as quais concordamos plenamente, inclusive com os 12 itens citados acima.

Destacamos alguns tópicos do livro que julgamos interessantes:

  • O livro defende a comida clássica (da vovó). Condena o “nutricionismo”.
  • A dieta americana atual deixa as pessoas doentes e gordas.
  • Cita a falta de evidência encontradas nos estudos que tentaram ligar o consumo de gorduras com doenças do coração, ou o colesterol com problemas cardíacos.
  • Detona o processamento de alimentos e a conseqüente perda de nutrientes. Também fala que o processo de produção do leite em pó gera gorduras oxidadas, que fazem mal.
  • Sugere evitar alimentos que não seriam reconhecidos pela sua avó, que contenham ingredientes desconhecidos ou impronunciáveis, que tenham mais do que 5 componentes ou que tenha xarope de milho na composição.
  • O livro tem um viés ecológico, do equilíbrio do homem com o meio. Ele sugere evitar alimentos vindos de muito longe, mesmo que orgânicos.

Na página 13 ele cita o estudo do governo dos EUA intitulado “Iniciativa para a Saúde Feminina”, publicado em 2006, registrando que “… uma dieta com pouca gordura, considerada durante muito tempo uma proteção contra o câncer, talvez não seja proteção alguma …” e que “… tampouco conseguiu encontrar ligação entre uma dieta com pouca gordura e o risco de doenças coronarianas”.

Diversos outros temas interessantes são abordados no livro. Ele fala sobre como foi que ocorreu a substituição da carne pelo cereal matinal no início dos anos 1.900; sobre a introdução da margarina na nossa dieta e os problemas que isso nos causa; sobre o porquê da revogação pela FDA, em 1973, do instrumento legal que normatizava o que era uma imitação; ele condena ainda o foco no nutriente (o que ele denomina de nutricionismo) em vez do foco no alimento; comenta as falhas nos estudos que relacionam alimentação e doenças; cita o trabalho do dentista Weston Price, que será objeto de referências em nosso site, além de diversos outros estudos de campo muito interessantes relacionando comida com saúde.

Vale destacar o tema abordado entre as páginas 99 e 101, onde ele trata da “síndrome metabólica” ou “síndrome X” como sendo o termo médico para o descontrole da insulina pelo organismo. Afirma que esta síndrome, ligada à vida sedentária e a carboidratos refinados, está associada à diabetes tipo 2, obesidade, hipertensão, doenças cardiovasculares e, talvez, alguns tipos de câncer (eu tiraria o talvez desta afirmação dele). Destaque para um texto da página 101: “… Sabemos, há pelo menos um século, que existe um conjunto de doenças chamadas ocidentais – incluindo obesidade, diabetes, doenças cardio-vasculares, hipertensão e um grupo específico de tipos de câncer ligados à dieta – que começam quase invariavelmente a aparecer pouco depois que um povo abandona a sua dieta e o seu modo de vida tradicionais”.

A única ressalva que fazemos ao bom livro do Pollan é com relação à capa: colocaríamos alguma carne e gordura em meio a uma capa estritamente vegetariana. Manteiga e bacon, além de não fazerem mal (quando de animais criados com sua dieta natural) e de serem muito saborosos, podem ser também bastante fotogênicos.

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