Nutrição e Degeneração Física

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Também conhecido como o Darwin da Nutrição devido às suas incríveis descobertas, o dentista Weston Price escreveu o livro Nutrição e Degeneração Física em 1939. Este livro é de leitura obrigatória para qualquer um que se interesse verdadeiramente sobre como  aquilo que comemos altera o nosso corpo e o de nossos filhos. Nele, Price relata suas viagens ao redor do mundo estudando povos isolados saudáveis em busca das origens das cáries e doenças degenerativas e como a mudança nos hábitos alimentares destas populações influencia o aparecimento destas doenças. Vários dos livros que aconselhamos, como por exemplo: Ecologia Celular, Em Defesa da Comida e Comida de Verdade, citam as pesquisas de Price. Ao longo dos próximos meses colocaremos os capítulos que narram sua incrível jornada estudando estes povos.

Nutrição & Degeneração Física

Uma Comparação entre Dietas Primitivas e Modernas
e Seus Efeitos

por
Weston A. Price
Membro da Comissão de Pesquisa da American Dental Association
Membro da American Association of Physical Anthropologists
Autor de Dental Infections, Oral and Systemic
1939

Prólogo

Quase sete décadas se passaram desde que Weston A. Price começou seus estudos monumentais dos povos primitivos isolados, estudos que levaram à publicação deste volume, Nutrição e Degeneração Física. Neste tempo, este trabalho – com seu texto fascinante e fotografias inesquecíveis – inspirou incontáveis leitores, alguns dos quais usaram as descobertas de Price como um trampolim para mais pesquisas, enquanto outros aplicaram os princípios que ele descobriu à alimentação cotidiana de famílias saudáveis.

A pesquisa de Weston Price pelos assim chamados grupos “primitivos”, isolados, vivendo integralmente de alimentos nativos, levou-o a vilas remotas na Suíça, ilhas castigadas pelo vento costa afora da Escócia e ilhas idílicas no Mar do Sul. Ele visitou esquimós no Alasca, índios americanos tradicionais, tribos africanas e aborígines australianos. Seus estudos aconteceram em um momento central na história mundial – no qual grupos totalmente isolados dos hábitos civilizados ainda podiam ser encontrados, mas que também fornecia uma invenção moderna chave, a câmera, que permitiu a ele gravar para futuras gerações a condição física excelente das pessoas que ainda não conheciam a era industrial.

A pesquisa de Price provou conclusivamente que a cárie dentária é causada primeiramente por deficiências nutricionais e que as condições que promovem cáries também promovem doenças. Price encontrou 14 dietas tribais que, embora radicalmente diferentes, forneciam imunidade quase completa a cárie dentária e resistência a doenças. Contato com a civilização, seguido pela adoção daquilo que Price chamou de “comidas substitutas do comércio moderno” foi desastroso para todos os grupos estudados. Cárie dentária rampante era seguida por deformidades faciais progressivas em crianças nascidas de pais consumindo alimentos refinados e desvitalizados. Estas mudanças consistiam em estrutura facial e arcadas dentárias estreitas, junto com dentes amontoados, defeitos de nascença e maior susceptibilidade a infecções e doenças crônicas. É significativo que, quando alguns nativos voltavam às suas dietas tradicionais, as cavidades abertas deixavam de progredir e as crianças agora concebidas e nascidas, novamente tinham arcadas dentárias perfeitas e nenhuma cárie dentária.

As dietas dos primitivos saudáveis que Price estudou eram diversas. Algumas eram baseadas em frutos do mar, algumas em animais domesticados, algumas em carne de caça e algumas em laticínios. Algumas não continham quase alimentos de origem vegetal enquanto que outras continham uma variedade de frutas, vegetais, grãos e legumes. Em algumas, principalmente alimentos cozidos eram comidos, enquanto que em outras, muitos alimentos – incluindo alimentos de origem animal – eram comidos crus. Entretanto, estas dietas compartilhavam diversas características subjacentes. Nenhuma continha nenhum alimento refinado ou desvitalizado tais como açúcar e farinha brancos, comidas enlatadas, leite pasteurizado ou desnatado e óleos vegetais refinados e hidrogenados. Todas as dietas continham produtos animais de algum tipo e todas incluíam algum sal. Métodos de conservação entre os grupos primitivos incluíam secagem, salga e fermentação, todos os quais conservam e até aumentam os nutrientes em nosso alimento.

Price analisou as dietas primitivas e descobriu que todas continham pelo menos 4 vezes a quantidade de minerais e vitaminas hidrossolúveis da dieta americana de seu tempo. Até mais surpreendente foi sua descoberta que essas dietas continham pelo menos 10 vezes a quantidade de vitaminas lipossolúveis encontradas em gorduras animais, incluindo vitamina A, vitamina D e o “Fator Price” ou “Ativador X”, descoberto pelo Dr. Price.

Price considerou essas vitaminas lipossolúveis como sendo o componente chave de dietas saudáveis. Ele chamou esses nutrientes de “ativadores” ou “catalisadores”, pelo qual a assimilação de todos os outros nutrientes em nossa comida – proteínas, minerais e vitaminas hidrossolúveis – depende. “É possível se privar de minerais abundantes nos alimentos comidos por eles não poderem ser utilizados sem uma quantidade adequada dos ativadores lipossolúveis”, escreveu Price. “As quantidades [de nutrientes] utilizadas depende diretamente da presença de outras substâncias, especialmente das vitaminas lipossolúveis. É neste ponto, provavelmente, que a maior falha na nossa dieta moderna acontece, ou seja, na ingestão e utilização de quantidades adequadas de substâncias ativadoras especiais incluindo as vitaminas necessárias para tornar os minerais da comida disponíveis ao corpo humano.”.

Os alimentos que supriam os ativadores lipossolúveis vitais incluíam a gordura do leite, óleos marinhos, carnes de órgãos, peixes e mariscos, ovos e gorduras animais – a maioria das quais nossos especialistas modernos em dieta e nutrição condenaram injustamente como não saudáveis. O Fator Price / Ativador X, um catalisador extremamente poderoso para absorção mineral, aparecia em alimentos considerados sagrados aos vários grupos primitivos – fígado e outros órgãos, óleos de fígado de peixe, ovas de peixe e manteiga de vacas que comem a grama de crescimento rápido das pastagens da primavera e outono. Estes valiosos alimentos desapareceram quase completamente do fornecimento de comida americano; ao mesmo tempo, o preço do sofrimento e dificuldade econômica produzidos pelas nossas doenças civilizadas modernas aumenta sem pena.

Weston Price notou que todos os grupos que ele estudou forneciam alimentos especiais para pais em potencial – para ambos mãe e pai antes da concepção e para a mulher durante a gravidez – bem como para crianças em crescimento. Eles tinham a prática de espaçar a concepção dos filhos, de modo que as mães pudessem reabastecer os estoques de nutrientes para os filhos seguintes. Acima de tudo, eles cuidavam para transmitir seu conhecimento de nutrição aos jovens, assegurando assim a saúde de gerações futuras. Tal conhecimento fica em nítida oposição às práticas dos pais modernos que abordam a maternidade com indiferença e que satisfazem suas crianças com comidas refinadas e altamente adoçadas desde a infância.

A implicação da pesquisa de Price é profunda. Se o homem civilizado vai sobreviver, ele deve de algum modo incorporar os fundamentos da sabedoria nutricional primitiva em seu estilo de vida moderno. Ele deve dar as costas à tentação dos produtos alimentícios que enfileiram as prateleiras do supermercado e voltar aos alimentos integrais e cheios de nutrientes de seus ancestrais. Ele deve restaurar a saúde do solo com métodos biológicos e não tóxicos de agricultura. E ele deve restaurar a “maior falha na nossa dieta civilizada moderna” que é a substituição gradual de alimentos ricos em ativadores lipossolúveis por substitutos e imitações compostas de óleos vegetais, agentes de enchimento, estabilizantes e aditivos.

A tarefa de preservar a pesquisa de Price para que ela fique disponível para homens e mulheres modernos e de assisti-los em suas aplicações práticas pertence à fundação Price-Pottenger Nutritional Foundation (PPNF). Uma corporação educacional beneficente, a PPNF tem a autorização de preservar os preciosos slides e notas de Weston Price, junto com a sua pesquisa em outras áreas da odontologia. Além disso, a fundação arquiva a pesquisa de alguns dos outros pioneiros no campo da nutrição e serve ao público tornando esta informação disponível através de sua biblioteca de livros, de um jornal trimestral e de um catálogo de obras cuidadosamente escolhidas.

Mais importante, a fundação fornece recursos e materiais que podem auxiliar aqueles indivíduos que desejem começar o processo altamente gratificante de reverter a adulteração do nosso fornecimento de comida e a perversão dos nossos hábitos alimentares, os quais aceleram o processo de degeneração física. A PPNF é dedicada à aplicação prática dos princípios listados por Weston Price e àqueles que seguiram seus passos nos campos de melhoria do solo, criação humana de animais, agricultura e jardinagem não tóxica, casas livres de poluentes, terapias médicas holísticas, odontologia não tóxica e acima de tudo escolhas de alimentos e técnicas de preparação apropriadas que promovam ótima saúde geração após geração.

Como Weston Price, que recusou todos os pedidos de se juntar a qualquer produto comercial, a fundação Price-Pottenger Nutritional Foundation é completamente independente de qualquer interesse comercial ou agência governamental. A fundação conta com o generoso auxílio de seus membros e também de doações e heranças para preservar a informação confiada a seus cuidados e para continuar a torná-la disponível àqueles que possam se beneficiar deste ponto em diante. Nós o encorajamos a se juntar à Price-Pottenger Nutritional Foundation para que você possa aproveitar os serviços que ela oferece e apoiar sua missão vital. Sua  filiação e auxílio financeiro podem fazer toda a diferença entre um futuro no qual a humanidade goze de saúde ótima e vibrante – ou futuro nenhum.

PRICE-POTTENGER NUTRITIONAL FOUNDATION

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BARRA DE CEREAIS 4 – TRIO LIGHT – É muito doce

Mais uma barrinha de açúcar

A aversão que o senso comum criou em torno das gorduras gerou uma distorção alimentar de difícil reversão. Esta barra se diz “light”, por possuir menor teor de gordura que suas congêneres. Porém isso é uma grande ilusão para o consumidor, uma vez que ele estará ingerindo uma quantidade de açúcar muito grande, que contribuirá para sua obesidade e para desregular seus níveis de insulina, em troca de uma pequena redução nas gorduras.

Veja os ingredientes. Eles devem ser apresentados em ordem decrescente de quantidade. Tem mais glucose do que os três cereais. Tem mais açúcar do que aveia. Tem mais açúcar mascavo do que avelã em pasta.

Ficha do Produto e Ingredientes

Nome Comercial: Trio Light.

Fabricante: United Mills Ltda.

Aquisição: Aracaju, outubro/2010.

Distância rodoviária da fabricação à aquisição: 2.223 km (fabricado em Sorocaba / SP).

O Trio Light contém 21 componentes no total

17 ingredientes: glucose, flocos de três cereais (arroz, trigo e cevada), cobertura sabor chocolate ao leite, maltodextrina, flocos de milho, açúcar, aveia em flocos, leite em pó desnatado, castanha de caju, glicerina, óleo de palma, mel, açúcar mascavo orgânico, avelã em pasta e sal.

4 aditivos: 1 estabilizante – lecitina de soja; aromatizantes – não especificam quantos nem quais; 1 corante – natural caramelo; e 1 antioxidante – tocoferol.

Contém Glúten? Sim.

Quanto de sódio? 57 mg (em cada 25 gramas).

Nota: quando postamos sobre produtos e seus ingredientes, não estamos tentando lhe ajudar a escolher o menos ruim. Queremos que você conheça cada um e, por conhecer, exclua todos. Inclusive este.

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Criação de Gado Confinado – Em que isso nos afeta

Quem leu o livro O Dilema do Onívoro, do jornalista Michael Pollan, sabe o que significa uma fazenda de confinamento de gado nos EUA. Gostaria de visitar uma aqui no Brasil, para poder falar mal é claro, mas felizmente não há nenhuma perto de mim. Digo felizmente, porque tal prática ainda é incipiente no Brasil. Obtive dados que informam que menos de 6% da carne de gado brasileira é de gado confinado. Mas este quadro pode mudar rapidamente: já temos associação de confinadores e a EMBRAPA está dando o maior apoio. Há vezes, e elas têm sido cada vez mais frequentes, em que a eficiência da EMBRAPA vai contra a gente. Tomara que isso seja transitório, ou seja, esperamos sinceramente que a EMBRAPA passe a considerar outros fatores, além do meramente econômico e eventualmente ambiental, nas suas decisões de pesquisa e fomento.

No site da ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne) há um texto da nutricionista Licínia de Campos no qual ela afirma que A carne bovina proveniente de animais criados a pasto tem sido cotada como uma das mais nutritivas. Várias pesquisas concluíram que o produto contém concentrações elevadas de betacaroteno e α-tocoferol, níveis maiores de ácidos graxos Omega 3, proporção maior e mais desejável de Omega-3 : Omega-6, e níveis altos de ácido linoléico conjugado, todas estas substâncias sabidamente de efeitos favoráveis à saúde humana.

E nós acrescentamos que isso não vale só para a carne do gado de corte, vale para o leite das vacas que pastam, para os ovos e a carne das galinhas criadas soltas, e todos os animais que se alimentam da forma como foram naturalmente moldados.

A autora do texto cita um estudo que mostra que o teor de betacaroteno, que se converte em vitamina A no organismo, é 10 vezes maior na carne do gado criado a pasto do que no gado confinado. Quanto ao alfa-tocoferol, uma das formas de apresentação da vitamina E, de alta importância antioxidante, o texto refere a uma quantidade 3 vezes maior na carne do boi criado a pasto, sempre em comparação ao confinado. Com uma vantagem adicional: o maior teor de alfa-tocoferol ajuda a conservar a carne do gado depois do corte. Isso é, aumenta a “vida na prateleira”, frase esta capaz de emocionar a retalhistas e varejistas.

Na continuidade do estudo, a autora fala da relação ômega 3 / ômega 6 da carne, lembrando que o ácido graxo ômega 6 promove a inflamação, o bloqueio sanguíneo e o crescimento de tumores enquanto que o ômega 3 age na direção inversa, embora ambos sejam necessários no equilíbrio de um organismo são. Os dados citados por Licínia mostram uma relação ômega 3 / ômega 6 de 1 / 2 no gado criado a pasto e de 1 / 4 no gado confinado, o que significa uma degradação de 2 vezes. David Servan-Schreiber, no seu livro Anticâncer – página 87, cita uma degradação de 4 vezes nesta relação ômega 3 / ômega 6, ocorrida nos últimos 40 anos, na carne do gado norte-americano, também em função da alteração na dieta dos animais decorrente do confinamento.

Ainda citando informações do texto da ABIEC, quanto ao ácido linoléico conjugado (usualmente denominado CLA, sigla em inglês), um ácido graxo polinsaturado de grandes benefícios ao organismo humano, os animais de pasto apresentam teores 2 a 3 vezes maiores que seus semelhantes confinados. No leite de vacas alimentadas a pasto esta vantagem proporcional sobe para 5.

Entretanto, o fato de o Brasil ter relativamente pouco gado confinado e de a ABIEC enaltecer a qualidade da carne do gado criado solto no pasto, não significa que o confinamento não vá crescer. Como toda indústria, a pecuária “busca a melhor relação custo / benefício possível”, o que é uma maneira suavizada de dizer que ela “busca o maior lucro possível”. O que significa que se que o que ela ganhar a mais com o gado confinado pagar os custos adicionais do confinamento e sobrar alguma coisa, é nesta direção que a indústria se desloca. Sobre isso, você pode dar uma lida no texto sobre os Os Direcionadores da Indústria de Alimentos.

Porém determinar a velocidade com que a pecuária se deslocará nesta direção (a do confinamento), é coisa difícil de prever. Há mil variáveis envolvidas. Em épocas de seca, confinar é boa solução. Em épocas de chuva, desde que não demasiadas, não. Em épocas de baixa da soja e do milho no mercado internacional, é hora de confinar. Em algumas regiões, se há maior exportação de suco de laranja ou maior produção de cerveja, significa mais refugos baratos para alimentar o gado, logo é hora de confinar.

Vamos a uma situação limite no que se refere ao direcionamento que o mercado pode dar ou não ao confinamento: inventaram o “plástico verde”. Mera propaganda industrial para nos empurrar um plástico, como outro qualquer em termos de demora na degradação ambiental, que seria ecologicamente mais correto, só porque parte dele (em torno de uns 20%) é feita com derivados do álcool da cana de açúcar e não do petróleo. Se a moda pega, teremos ainda mais demanda por cana, maior preço da cana, maior avanço sobre pastagens por encarecimento da terra, logo maiores vantagens do confinamento. Ou seja, a pseudo solução de um problema ambiental pode acabar nos gerando um problema maior, nutricional, de saúde.

A EMBRAPA, em um texto usado num curso de confinamento de bovinos, define confinamento como “o sistema de criação de bovinos em que lotes de animais são encerrados em piquetes ou currais com área restrita, e onde os alimentos e água necessários são fornecidos em cochos“.

O texto, muito didático, cita sempre o enfoque econômico como opção pelo confinamento ou não. Era de se esperar, de uma empresa pública, que houvesse alertas ou ressalvas quanto à perda da qualidade nutricional do produto. Não há. Só haveria, e isso pode ser visto alguns parágrafos adiante, se esta perda de qualidade afetasse a rentabilidade.

Em contra-partida, há uma grande preocupação com as “doenças do confinamento”, não ditas desta forma, é claro, mas colocadas assim “Por exemplo, o resíduo da pré-limpeza do grão de soja, que chega a ter 16% de proteína bruta na MS, não deve ser incluído nas rações em proporção superior a 25% da MS, porque causará diarréia e timpanismo.”, ou assim “É importante que os animais sejam adaptados gradativamente à dieta do confinamento, em especial aqueles antes mantidos exclusivamente em pastagens. A não adaptação à dieta tem sido responsável por distúrbios, como acidose e timpanismo nos confinamentos”. (MS = matéria seca.)

A autora, Esther Guimarães Cardoso, descreve os problemas existentes no confinamento do gado de corte, condicionando-os só e exclusivamente, aos resultados econômicos: “Podem ser considerados como problemas no/do confinamento do gado de corte aqueles fatores ou condições que contribuem para o insucesso ou diminuição do rendimento da atividade.

Esquecendo de que se trata de ruminantes, o texto fala que “Dentre os problemas que podem afetar os animais no confinamento, está a acidose, caracterizada pelo aumento do ácido lático no rúmen, geralmente em conseqüência do consumo excessivo de alimentos ricos em carboidratos facilmente fermentescíveis (do concentrado da ração).

Citando mais um parágrafo doloroso (para mim, imagine para o gado confinado): “O timpanismo também pode acometer bovinos em confinamento. Alguns alimentos, como leguminosas e resíduo da pré-limpeza do grão de soja, podem favorecer seu aparecimento. O timpanismo pode ainda ocorrer quando a freqüência de alimentação não é adequada ou há alternância de super e subfornecimento de concentrados, especialmente os finamente moídos (pode haver evolução até o aparecimento de paraqueratose)”. Fiz um destaque em “resíduo da pré-limpeza do grão de soja” porque isso não deveria ser alimento nem de bactérias.

Pegamos animais que pastavam lenta e calmamente ao longo do dia, buscando o capim mais fresco possível, em áreas abertas, deitando para ruminar sob alguma sombra disponível, e os aglomeramos em pequenos espaços confinados. Fornecemos o alimento que nos convém economicamente, fazendo-os engordar por ter que comer mais e mais para buscar os nutrientes que o pasto lhe dava e agora não têm mais, fazendo-os adoecer e disputar ombro a ombro (ou, mais adequadamente falando, paleta a paleta) um espaço no cocho para ver se hoje “serviram trevo fresco” e depois nos surpreendemos com a seguinte frase no trabalho da EMBRAPA  “Montas e brigas entre animais, se freqüentes, podem trazer prejuízo tanto para aqueles dominados (lesões) quanto para os dominantes (gasto energético superior). As causas para tais comportamentos anormais não estão bem definidas. Há casos em que é preciso retirar animais do lote para amenizar o problema.” O negrito acima é auto explicativo.

Se você quiser saber mais, já que este texto está “comprido demais da conta”, há uma reportagem na Revista Rural (de 20/08/2010), na qual dirigentes da Assocon (Associação Nacional dos Confinadores) falam das vantagens econômicas do confinamento e preconizam aquilo que tememos: “Pode-se dizer que confinamento é o futuro. O processo vai demorar, mas a tendência é essa mesmo, aqui no Brasil.” Inventaram até o “boitel”, um sistema no qual o pecuarista coloca seu gado no confinamento pagando uma diária que há dois anos atrás era de R$ 4,50.

Ou seja, aquilo que já fizeram com nossas galinhas e ovos, e com nossos porcos, principalmente os destinados a lingüiças, salames e congêneres, estão querendo, e vão fazer, com o nosso gado.

Comeremos cada vez mais alimentos de qualidade nutricional inferior, adoeceremos mais, daremos sobrecarga aos nossos planos de saúde ou ao SUS, que subsidiarão, desta forma, o lucro da agropecuária de confinamento.

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Mafalda, Sopa de Peixe e Liberdade de Imprensa

Autor: Joaquín Salvador Lavado – Quino.

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BARRA DE CEREAIS 3 – NUTRY – Mais uma Barrinha de Açúcar

A propaganda diz que a barra é feita de “ingredientes naturais”.

A embalagem chama a atenção para “carbono neutro”, “sustentabilidade”, “embalagem reciclável”, além de outros glichês empresariais / ambientais da moda, talvez para ocultar a quantidade de açúcar que embutiram nesta humilde barrinha de cereais. Indispensável para quem adora picos de insulina no sangue.

Olhe os ingredientes: até nos cereais existe açúcar, uma vez que flocos de arroz levam, além de farinha de arroz, açúcar e sal. Depois dos cereais vem o xarope de glicose. A seguir vem a cobertura, com mais açúcar. E após as frutas aparece ainda o açúcar mascavo.

Ficha do Produto e Ingredientes

Nome Comercial: Barra de Cereais Nutry com Chocolate.

Fabricante: Nutrimental S. A. Ind. E Com. De Alimentos.

Aquisição: Aracaju, outubro/2010.

Distância rodoviária da fabricação à aquisição: 2.212 Km (fabricado em São José dos Pinhais / PR).

O Nutry contém 20 componentes no total

16 ingredientes: cereais (29%: aveia e flocos de arroz – farinha de arroz, açúcar e sal), xarope de glicose, cobertura sabor chocolate (23%: açúcar, gordura vegetal, cacau em pó, soro de leite, leite desnatado em pó e sal), frutas (15%: castanha-do-pará, uva passa e maçã desidratada), açúcar mascavo, açúcar invertido, gordura de palma e canela em pó.

4 aditivos: na barra – 1 estabilizante – lecitina de soja; na cobertura – 3 estabilizantes – lecitina de soja, triestearato de sorbitana e éster de poliglicerol de ácido ricinoléico; 1 aromatizante

Contém Glúten? Sim.

Quanto de sódio? 30 mg (em cada 25 gramas).

E a propaganda em uma das faces da embalagem diz: “Parabéns. Você decidiu fazer o melhor por você mesmo ao escolher um alimento da família Nutry. Saudáveis e gostosos, feitos com ingredientes naturais, frutas e cereais.”

Mais do que uma mentira, isso é uma agressão ao nosso bom senso. O que há de natural num aditivo chamado de “éster de poliglicerol de ácido ricinoléico”? O que há de natural em “leite desnatado em pó”? Qual é a planta que produz “açúcar invertido”?

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